Eu gostaria de propor um exercício para iniciarmos a nossa conversa de hoje: feche seus olhos e mentalize o seu corpo.

Você é capaz de identificar as suas bases de apoio? Quais segmentos corporais estão relaxados? Onde eles estão? A sua mente está sendo apresentada a qual imagem enquanto remete a você mesmo: um corpo magro, gordo, forte, definido,…? Como você se vê representado? Como você percebe e sente cada um dos pedaços que o compõe?
Este corpo que nos apresenta ao mundo e aos outros está representado na nossa mente como uma fotografia tridimensional, com tamanho, profundidade e forma. Quando nos olhamos no espelho, a imagem que está refletida nem sempre se assemelha àquela guardada na nossa mente. Dependendo da relação que estabelecemos com o corpo, este retrato será ou não distorcido da realidade.
A representação mental que possuímos do nosso corpo recebe o nome de imagem corporal e se constrói a partir do esquema corporal.
Enquanto a imagem representa, o esquema corporal realiza o reconhecimento cinestésico imediato de cada unidade do corpo. Ele percebe onde estão localizadas as partes do corpo e qual a sua relação com o espaço e demais objetos.
Vocês sabem como desenvolvemos a imagem e o esquema corporal? Que tal conversarmos um pouco sobre isso?
Ao nascer, o bebê é incapaz de diferenciar-se dos demais objetos do mundo, embora já apresente sensações viscerais de dor, fome ou desconforto, além do tato relacionado ao contato com a mãe.
As experiências voluntárias que se seguem na fase oral, com utilização da boca para experimentar tanto os seus próprios segmentos corporais quanto os objetos ao redor, direcionam a construção gradativa da noção do “eu” e auxiliam esta criança a entender-se como um ser autônomo. Este processo estende-se aproximadamente até os 3 anos, quando a criança costuma representar a si mesma no papel com a figura de um círculo, sinalizando que é desta forma que ela se reconhece.
Entre os 3 e 6 anos, o corpo passa a ser um ponto de referência importante para a localização dos outros objetos. Nesta perspectiva, a criança assume que algo está acima, abaixo, longe ou perto desde que estas mesmas direções indiquem a relação entre este objeto e o seu corpo.
A noção de segmentos corporais que são sentidos e movimentados independente das outras partes do corpo é aprimorada entre os 4 e 5 anos.
A partir dos 7 anos a criança passa a adotar pontos de referência fora do seu corpo e representa uma imagem corporal estática na sua mente.
A imagem do corpo em deslocamento com o domínio da antecipação dos movimentos acontece entre 10 e 12 anos, quando o esquema corporal está praticamente formado.
É importante entender que, apesar de formados, tanto o esquema corporal quanto a imagem corporal podem transformar-se constantemente. Este é um processo contínuo e totalmente dependente das nossas experiências.
Para desenvolver uma boa consciência corporal é necessário se submeter a situações novas que façam a integração entre corpo e cognição, buscando o “pensar sobre” determinada forma de movimentar aquele segmento que estiver sendo solicitado.
Portanto, usem e abusem do corpo de vocês: movimentem-se muito, sempre e de diversas maneiras possíveis.

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