Conheço uma frase muito boa, que infelizmente não foi criada por mim. Como não sei sua autoria, me limito a parafraseá-la:

“Se você está cansado de recomeçar, então pare de desistir”

Em meu meio, conheço mais pessoas que recomeçam frequentemente do que insistem no que começaram. Com certeza essa atitude é muito comum quando o assunto é atividade física. Eu sempre gostei de esportes e sempre tive vontade de correr alguma prova de corrida de rua, mas nunca tive coragem de me inscrever.

Não sei bem o nome que se dá ao fenômeno que te mantém inerte quando, na verdade, a vontade é de agir. Acredito eu que seja uma mistura de desânimo e fraqueza. Querer alguma coisa e não fazer por onde é algo muito comum – é a famosa preguiça.  Bom, no meu caso eu não estaria recomeçando nada, já que aos 29 anos de idade sequer tinha participado de alguma prova de corrida, a não ser nas olimpíadas do colégio na década de 90. Contudo, sempre soube da máxima dificuldade de recomeçar em razão de outros fatos da vida, e por isso sempre estive atenta. Conheci um rapaz, hoje meu marido, que gostava (gosta) muito de correr. Não sei quando foi dado seu start na corrida, mas definitivamente isso foi há muito tempo. Ele me inscreveu em uma corrida de revezamento na qual eu deveria correr 12km. Acho que menos de 3 vezes na vida tinha corrido 10km na rua, em domingos despretensiosos de sol. Tive minha inércia rompida com a ajuda daquele rapaz, que não sabia na época o quanto aquilo era desejado e adiado por mim. Chegamos no local às 6h da manhã e que maravilha! Que ambiente legal e descontraído, quantas pessoas bonitas e saudáveis – parecia que só tinha gente boa naquele lugar! Chegada minha vez de correr sentia que meu coração sairia pela boca! Na minha cabeça competitiva e inexperiente existia a ideia de que estávamos ali para buscar a vitória. Não ganhamos, como é de se imaginar, mas dali muitas lições eu tirei. Lições que outras provas vem me dando e nem sempre a “mera” vitória nos dá. Depois do start a sensação é de pura liberdade, de abertura de horizonte. E isso não é um exagero. A corrida, auxíliada pelo fortalecimento muscular, trouxe para mim muito mais do que pernas fortes e fôlego. Ela proporciona a arte de planejar e ser paciente, se superar e não desistir. Se você corre qualquer distância que seja e não desiste, após a chegada a sensação é de vitória mesmo que não seja vitória conhecida dos pódios e troféus. A vitória é primeiramente individual porque você superou aquela distância com o seu esforço e todas as limitações que só você sabe que carrega e o quanto pesam. Isso é libertador!

O que vem depois do start é um horizonte amplo de sensações que não estão limitadas àquele percurso.

Procure algo que te ajude a “startar” – pode ser uma pessoa, um objetivo de saúde ou um desafio, e depois disso não desista! Os prazeres são incontáveis porque depois do (re)começo tudo que se conquista vai muito além de uma corrida.

 Por Gabriela Frade M. G. Pimentel, 31 anos, servidora pública federal, aluna da Cia Athletica Manaus e esportista amadora que compartilha suas experiências no instagram @coupleinmotion com seu marido corredor.

 

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